PADRE SIMÃO NASSIRI

PADRE SIMÃO NASSIRI - IMIGRANTE SÍRIO

O texto a seguir foi publicado originalmente no livro "Sultaque - Identidade Cultural - Sotaque Curitibano"

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Zilá Maria Walenga Santos

Padre Simão Nassiri

Imigrante Sirio Libanês

Padre Simão Nassiri nasceu na cidade de Alepo, na Síria. Por um período de 14 anos, serviu numa igreja na cidade de Raqqa, que depois virou a capital do Estado Islâmico. Em 2014, chegou em São Paulo, onde estudou a língua portuguesa. Ele disse que já conhecia algumas palavras da língua portuguesa e que começou a estudar o idioma com o mesmo bispo que o havia convidado para servir em uma igreja por seis meses, em São Paulo.

Depois que se mudou para Curitiba, começou a aprender a língua mais facilmente e, com convivência diária com os brasileiros, tem aprendido mais palavras e mais frases. Para ele, saber palavras não é saber a língua: “Não é só falar em português, você precisa pensar como o brasileiro. Então o melhor jeito de falar é começar a pensar no idioma e parar de traduzir a língua”.

Nassiri contou que não teve nenhuma dificuldade de se comunicar com o povo brasileiro. Ao perceberem sua dificuldade no idioma, as pessoas falavam para não se preocupar, que “dava para entender”. Ele mantinha uma preocupação, porque como padre precisa falar corretamente para instruir a doutrina, mas sempre contou com o apoio das pessoas que ajudavam a corrigir suas palavras e frases.

Assim como no início do aprendizado da língua portuguesa, ainda hoje encontra dificuldades no emprego dos artigos masculino e feminino (a, as, o, os), tanto na escrita quanto na pronúncia, o que é bastante perceptível nas suas expressões.

Nassiri falou também da influência dos árabes no idioma português e destacou que várias palavras que fazem parte do vocabulário português têm origem árabe, devido à forte presença do povo árabe na Península Ibérica por aproximadamente oito séculos, deixando sua contribuição para a construção do léxico português. Ele citou algumas palavras como arroz, açúcar, azeitona, azeite, camisa, sapato, algodão, tomate, aldeia.¹

¹ ver texto “Um Olhar Sociolinguístico ao Sotaque Curitibano, de Carla Valéria Feitosa).